quinta-feira, 28 de janeiro de 2021

ENTREVISTA COM SIRLENE CUNHA - revista STATTO





Sirlene Cunha tem uma trajetória de vida impressionante! Foi mãe muito jovem, venceu um câncer, se divorciou e teve que recomeçar do zero. Mas com tudo que passou nunca perdeu a fé! Confira essa linda e emocionante história.

Sirlene você recentemente venceu um câncer e também se recuperou da Covid-19. Conte-nos um pouco sobre as duas experiências?

Sobre o câncer: Tudo começou no dia 22 de agosto de 2019, percebi uns nódulos na mama esquerda. Achei estranho, pois foi de repente que apareceram. Nesse dia se comemora o aniversário de minha mãe. Passei o dia na cozinha fazendo os preparativos. Quando chegou a noite já com tudo preparado estava com muita dor do lado esquerdo, doía muito. Fiquei em frente ao espelho para saber o que estava acontecendo. O local estava muito inchado e febril. Depois dos parabéns retornei para o meu apartamento.

Antes de me deitar faço minhas orações, tenho muita fé em Deus. Mas quando estava orando Deus falou comigo, me alertando que um ano atrás ele tinha me revelado que eu iria passar por um vale bem profundo e sombrio. Disse que muitas pessoas me virariam as costas, mas ele (Deus) sempre estaria comigo. Deus falou que não era para eu murmurar e nem perguntar o porquê de tudo isso, para eu ser sempre grata por tudo, pois era um processo de transformação. Enfim procurei o médico e ele disse que não era nada.

Disse que eram umas glândulas inflamadas, mas como sempre sou persistente pedi a ele exames para certificar. O resultado saiu e eu mesma abri e olhei o diagnóstico no dia 14 de novembro de 2019.

Resultado: Carcinoma mamário invasivo, grau três histológico, com extensa necrose, invasão nuclear. Enfim era só o começo de um tratamento doloroso e sofrido. Tive que colocar o Port-A-Cath, pois minhas veias são bem delicadas. Foram quatro sessões da quimioterapia vermelha e seis sessões da branca. E também tinha uns nódulos no pulmão direito. Mas o médico disse que esses ele só iria investigar depois.

Sinceramente não foi nada fácil, mas quem disse que eu iria desistir. Sempre alegre, feliz fazendo meus afazeres as pessoas olhavam para mim e diziam:

De onde vem toda essa força? Eu respondia: Do pai lá de cima que está comigo e sei que sempre estará. Tive que fazer a cirurgia da mama tirando ¼ da região e também debaixo das axilas. Mas tudo ocorreu bem. Fiz dezoito sessões de radioterapia. Graças a Deus hoje estou curada tanto da mama quanto do nódulo no pulmão.

Sobre a covid-19: A covid-19 foi descoberta antes da cirurgia da mama. Tive que fazer o teste, isso ocorreu em agosto. Antes de saber que estava com a covid-19 fiquei muito mal mesmo. Fiquei mais de um mês em casa isolada. Mas graças a Deus foi outra superação.

Hoje agradeço a Deus por me dar tanta saúde e felicidades. Agradecer sempre a todos que estiveram comigo perto ou distante em oração. Obrigada a todos vocês que eu amo muito.

Grata por tudo.

Você foi criada por sua avó no interior de São Paulo. Como é para você morar hoje numa cidade grande e tão corrida? Quais as diferenças entre o interior e o ABC paulista?

Para mim foi um privilégio morar e ser criada pela minha avó no interior amo a cidade de São José dos Campos! Só tenho recordações maravilhosas. As pessoas sentam nas calçadas para conversar a noite muito diferente de São Paulo. O povo mais acolhedor feliz, prestativo.

Já São Paulo me traz mais sofrimento, a correria do dia a dia. As pessoas não aproveitam tanto a vida como no interior.

Conte-nos um pouco sobre sua trajetória de vida?

Minha trajetória de vida não foi nada fácil, mas vou resumir.

Sou filha de pais separados na época o preconceito era muito grande.  Fui muito judiada quando criança, pois minha mãe tinha que trabalhar para sustentar a casa. Eu morava em São Paulo quando criança, depois fui morar no interior com minha avó.

São Paulo não me traz recordações boas só de sofrimento. Mas graças a Deus minha avó me criou e foi a melhor fase da minha vida. Se hoje sou essa mulher guerreira de fé tenho que agradecer a ela. Sempre tinha palavras maravilhosas de conforto ao meu coração. Já faz dezesseis anos que ela se foi, a melhor parte da minha vida. Foi difícil é difícil, às vezes a saudade bate com força e só me resta chorar.

Ela sempre esteve ao meu lado nas horas que mais precisei. Fui mãe aos dezessete anos e ela (avó Tereza), estava sempre do meu lado. Ajudou-me muito com minha filha.

Hoje sou mãe de duas meninas, uma se chama Caroline tem vinte e seis anos, mãe de Maria Eduarda minha neta de oito, e a Amanda de dezessete anos. Só tenho que agradecer a Deus por essas riquezas.

Hoje sou divorciada, moro sozinha, sou muito abençoado e feliz, encontrei a minha paz que tanto precisava.

Você trabalhou como cuidadora de idosos e iniciou um curso como auxiliar de enfermagem. Como é atuar nessa área de cuidados e em especial com pessoas em idade avançada?

A área de cuidador de idosos me ensinou muito sobre amar ao próximo. Fiquei oito meses cuidando de uma senhora encantadora, ela tinha Alzheimer e ela me doou muito amor e carinho. Hoje ela não se encontra mais entre nós.

Fiz o curso de auxiliar de enfermagem com o incentivo dos médicos e enfermeiros do Hospital Oswaldo Cruz. Ainda não terminei o curso, por conta de alguns acontecimentos que ocorreram nesse período e também o tratamento que estava fazendo contra o câncer.

Mas nesse ano pretendo dar continuidade aos estudos.

Você é uma pessoa de muita fé, sempre tem uma palavra de ânimo para as pessoas, mesmo que você mesma esteja passando por situações difíceis. Conte-nos um pouco sobre sua fé e como mantém esse contato tão forte com Deus?

Nessa jornada de vida minha avó me ensinou a ter muita fé em Deus independente de qual for a sua religião. Sempre fui muito de orar e conversar com Deus. Quem não me conhece pensa que sou doida (pois oro muito), mas já estou preparada para as críticas.

Deus realmente fala com seus filhos quando estamos em constante oração. Permanecer em oração é um caminho de vitória. Pois a luta vem, mas continuamos firmes.

Sempre estou preparada para dar uma palavra de conforto ou conselhos quando me procuram. Deus é perfeito, Ele não dá uma cruz se você não conseguirá carregar.

O que posso falar é que esse Deus é tudo em minha vida sem Ele não teria chegado até aqui.

Deus é a perfeição…

Você é mãe de duas moças, uma ainda adolescente e outra já em idade adulta. Conte-nos sobre os desafios da maternidade nos dias de hoje. Como você encara?

Hoje está complicado educar filhos, mas sempre temos que ter discernimento, sabedoria e paciência para darmos uma palavra de conforto e de repreensão.

Você é muito dinâmica. Atuou também como controladora de acesso, se separou, comprou um apartamento, praticamente sozinha e superou uma doença muito difícil. Que dica poderia dar as mulheres que se veem em uma situação difícil, se sentindo sem saída, sem coragem para começar do zero e lutar?

Estou divorciada há cinco anos, não foi nada fácil. Tive que deixar tudo para trás e começar do zero! Fui novamente lutar pelos meus objetivos. É preciso ter determinação, força, coragem ser guerreira. Trabalhei muito por quase três anos de domingo a domingo e estudando.

Mas só tenho que me orgulhar de mim, hoje tenho meu apartamento, moro sozinha e sou muito feliz. Hoje muitas pessoas me ligam pedindo oração, conselhos oque fazer da vida.

As pessoas se sentem perdidas sem direção, sem foco. Muitas com depressão profunda.

Sempre estou disposta a ajudar ao próximo e graças a Deus hoje eu sei o meu propósito aqui na terra. Ajudar, aconselhar, amar, orar pelo próximo.

O que você gosta de fazer nas horas vagas? Quais seus hobbies, lazer e etc.?

Realmente eu não curti a vida como gostaria. Sempre trabalhei muito, comecei a trabalhar tinha dez anos e não parei até hoje. Conforme os acontecimentos, hoje se me dá vontade de viajar eu vou sozinha. Às vezes vou à casa de amigas, às vezes faço trilha, meditação, caminhada. E nas melhores horas estou orando, ouvindo um louvor isso para mim é o mais gratificante.

Você já teve depressão ou conhece pessoas próximas que tiveram? O que poderia dizer às pessoas que sofrem deste problema, como encontrar ajuda? O que é imprescindível nessas horas?

Eu já tive depressão e comecei a me tratar aos dez anos de idade. Acordava a noite sem ar, tive que fazer tratamento com remédios controlados. Ajudaram-me, mas era só o começo de um tratamento bem complicado.

Na adolescência e vida adulta passei por altos e baixos, perdas de parentes e amigos queridos e amados por mim. O único refúgio realmente é perseverar na palavra de Deus e continuar firme no propósito. Hoje me considero uma guerreira, pois superei meus traumas perdoei o passado e sou muito feliz.

O ano de 2020 foi muito peculiar, ano de muitas lutas, provações, mas também de bênçãos. Que mensagem gostaria de deixar as pessoas nesse início de ano?

Para esse ano quero que as pessoas respeitem mais o seu próximo falando menos e ajudando mais.

Espero pessoas melhores com atitudes e determinação. Que cada um agradeça a Deus pelo privilégio de estar nesse universo lindo. Que possamos de fato agradecer mais e reclamar menos.


extraído: ENTREVISTA COM SIRLENE CUNHA | Revista Statto

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