segunda-feira, 17 de maio de 2021

ENTREVISTA COM MERIKOL DUARTE

 19/04/2021 às 09h18



Se você pensa em transição de carreira, superação de desafios físicos, maternidade versus trabalho. Ama práticas de Yoga, Comunicação Não-Violenta (CNV), Programação Neurolinguística (PNL), Reiki, Mindfulness, conheça a interessante história, cheia de nuances e mudanças de Merikol Duarte!

Conte-nos um pouco sobre sua jornada pessoal e profissional?

Minha jornada começou cedo, desde pequena sempre tive alguns questionamentos, não entendia certas coisas, sempre fui muito curiosa e lembro que perguntava muitas coisas para os meus pais e algumas vezes o meu pai dizia: tudo tem a hora certa, tem certas coisas que ainda é muito cedo para você entender e me deu um dicionário de presente (risos)!

Comecei a trabalhar cedo e isso fez com que eu amadurecesse mais rápido. Comecei a dar aulas de informática aos 14 anos. Com quase 17 anos, já cuidava de uma das escolas de informática, coordenava, gerenciava e dava aulas. Fiquei muitos anos ali, mesmo na época em que sofri acidente de carro, com quase 17 anos, após me recuperar, voltei à ativa. Depois de algum tempo, nem todo ouro me seduzia e senti que precisava buscar outras experiências e fui morar em Arraial d´Ajuda. Passei uma temporada lá, com o namorado, cunhado e irmão. Foi uma experiência interessante.

Tive que voltar para Sampa, pois tive um problema nos olhos e ao chegar em SP, descobri que o ceratocone havia avançado (em um dos olhos) e teria que entrar na fila do transplante de córneas e ai começou outra jornada. Fiquei alguns anos em Sampa, fui cursar faculdade de Comunicação Social com especialização em Publicidade e Propaganda e fui trabalhar numa construtora.

No terceiro ano da faculdade tive que trancá-la e recebi uma proposta de trabalho numa gráfica multinacional no Rio de Janeiro e então decidi me mudar com mala e cuia. Foi uma aventura e tanto. Lembro-me que nessa época eu tinha uma autoestima um pouco baixa e morar sozinha no Rio me ajudou a me conhecer um pouco mais, e foi ali que começou minha jornada voltada ao autoconhecimento.  Durante os primeiros meses que trabalhei na gráfica, fiquei estudando sobre a área de Ti, voltei para a faculdade de Publicidade e através de uma prima minha que morava lá e trabalhava numa empresa de tecnologia, tive a oportunidade de participar de um processo seletivo para atuar como coordenadora de Help Desk na PUC.

Como eu tinha experiência na área de informática, consegui passar no processo seletivo e trabalhei durante um período na PUC. Foi incrível a experiência. E nesta mesma empresa, fui convidada para fazer um curso de auditoria da ISO 9000, para atuar como coordenadora na área de qualidade e lá fui eu fazer o curso em Petrópolis. Migrei de área, fui coordenar a área durante alguns meses, mas senti que tinha algo mais, que esse não era o meu caminho, então resolvi sair da empresa e fiquei durante um período prestando consultoria para pessoas físicas e jurídicas na área de informática. Conheci pessoas incríveis, e com amigos latinos criamos um projeto voltado à música latina e passei um período produzindo eventos latinos por lá.

Voltei pra São Paulo, fui trabalhar na área comercial numa empresa de engenharia e reencontrei o primeiro amor da minha vida, engravidei, nos casamos, me mudei para o sítio, mas decidi que continuaria a trabalhar, então durante dois anos, a cada 15 dias, a minha vida foi entre Sampa e Águas de Lindóia. Um momento intenso, mãe de primeira viagem, viajando com o bebê, trabalhando, lidando com questões da vida…. Trabalhei um período com produção de shows de bandas (RPM, Tihuana) numa produtora… E passados alguns anos, me separei, me divorciei, tive crises de stress e senti que precisava de ajuda para saber o que estava acontecendo comigo. Fiz terapias, mas senti que não era esse o caminho, então decidi me inscrever num curso de formação e autoconhecimento em yoga e parece que ali a chave começou a virar.

Atuei durante mais de 20 anos no corporativo como Gerente de Negócios, Coordenadora, Produtora de shows e saraus, passei por empresas dos segmentos de Engenharia, Construtoras, Tecnologia da Informação (TI), Escolas de Informática, Produtoras. E em 2013, num momento de transição, resolvi mergulhar no caminho do autoconhecimento, onde participei de imersões, retiros, fiz vários cursos voltados ao desenvolvimento humano e autoconhecimento para ampliar o meu conhecimento.

Criei em 2015 o Inspirar Ser, um projeto voltado às práticas integrativas, onde ofereço práticas de Yoga, Comunicação Não-Violenta (CNV), Programação Neurolinguística (PNL), Reiki, Mindfulness…. Para empresas, escolas, espaços e eventos.

E desde então, sou estudante de CNV, Mindfuness, Aprendizagem Ágil, Agile Learning, Design Thinking, Teoria U, Sociocracia, Pedagogia.

Facilito vivências, onde utilizo ferramentas que ajudam no processo de desenvolvimento e florescimento das pessoas que também queiram trilhar por este caminho do autoconhecimento. Já realizei vivências, workshops, aulas, em diversos lugares da capital de São Paulo e interior.

Atualmente, decidi seguir esse caminho, utilizando o meu próprio nome para divulgar os serviços que ofereço.

Você enfrentou diversos desafios após um acidente de carro sofrido na adolescência. Conte-nos um pouco sobre sua recuperação e o que mudou em sua vida?

Sofri acidente de carro, junto com meus irmãos (na época estavam no carro comigo, duas irmãs e um irmão, pois o outro irmão era criança e estava em casa), eu iria completar 17 anos dali a alguns dias. Foi bem desafiador, pois fiquei vários dias no hospital, pois estava com anemia, tive que tomar transfusão de sangue e só poderia realizar a cirurgia no fêmur, após me recuperar da anemia. Foram dias difíceis. No ano seguinte tive que refazer a cirurgia e novamente recebi transfusão de sangue, pois quando os médicos foram fechar os pontos, começou a vazar sangue pela perna e fui transferida para o CTI para ficar em observação durante alguns dias. E durante esses dias, eu vi a minha vida passar em segundos, bateu um medo de nunca mais poder andar, bateu o medo de morrer e não ter vivido metade da vida…

Vários questionamentos surgiram. Lembro-me que quando ouvi um “crec” na perna e senti dor, e ir a alguns médicos para saber se estava tudo bem com a minha perna, antes de fazer a segunda cirurgia. O médico foi bem seco e me disse que não tinha jeito, que a placa havia quebrado e que deveriam amputar a minha perna. Na época, com 18 anos, quase pirei, então meu pai, minha mãe e meus irmãos, decidiram que iríamos encontrar uma solução. Foi quando num dia com muita dor, fomos a um hospital e um médico resolveu me internar e disse que faria a cirurgia e rolou tudo o que citei acima. Foram aprendizados difíceis, mas que anos depois, fui entendendo que tudo aquilo aconteceu para me tornar mais forte. E não amputei a perna.

Você foi mãe pela primeira vez aos 30 e depois por volta dos 40 anos. Como tem sido essa experiência com as meninas? E quais as diferenças entre as gestações e criação?

Ser mãe me tornou uma pessoa melhor, pois é total entrega. Sei que tenho muitos defeitos e muitas qualidades, que sou um ser imperfeito, mas que busca melhorar a cada dia e a maternidade me traz, a cada dia, este olhar de buscar a melhoria continua. Não só para mim, mas para as minhas filhas, familiares, amigos e para as pessoas que cruzam o meu caminho.

A minha primeira gestação foi mais tranquila, o parto foi normal, foi lindo, regado a muito amor, velas, incenso, mantras e na época, eu nem conhecia muito sobre os mantras. Já a minha segunda gestação, foi um pouco mais delicada, pois foi de risco, tive que diminuir o ritmo e tive que fazer uma cesárea para não comprometer a vinda do bebê. A recuperação foi tensa. Durante meses sentia dores, e por recomendação médica não podia fazer exercícios, nem praticar yoga para me recuperar. Foi desafiante.

É uma benção poder sentir crescer uma vida dentro de nós. Ouvir o coração pulsar, sentir pele a pele o bebê mamar e te olhar com ternura. E mesmo as noites mal dormidas, as preocupações e grilos que batem às vezes, com perguntas como “será que estou fazendo isso certo?”, eu olho pra mim mesma e digo, está tudo sempre certo, do jeito que está. Você está fazendo o seu melhor, continue. Viva um dia de cada vez. Aprenda a aceitar o que não pode ser mudado e transformar o que pode e siga em frente. E assim tem sido. E a diferença de idade entre elas, é muito boa. Pois em cada fase, sinto que cresci um pouco mais e que posso entregar o meu melhor a cada uma com amor, cuidado, proteção. Comprometimento e apoio.

Você sempre foi muito intensa e viveu um bom período de experiências em terras cariocas. Como foi sua vivência no Rio de Janeiro? E qual o período?

Como disse anteriormente, a vida no Rio para mim, foi um divisor de águas, pois me ajudou a entender um pouco mais sobre quem eu sou na essência. Foi um período libertador, de experiências intensas. Conheci pessoas e lugares interessantes. Fortaleci amizades que nutro até hoje, pessoas que conheci por lá e que algumas delas se tornaram como irmãos. Cresci muito ali, foi ali que tive o primeiro contato com o yoga, comigo mesma. Foi o cenário propício para fazer brotar em mim sementes da transformação que viriam anos mais tarde.

Quem é a Merikol hoje? Quais são suas prioridades?

Merikol hoje é uma pessoa que busca a simplicidade, viver com cada vez menos. O meu ditado tem sido: “Menos é mais”.  O caminho da espiritualidade, do autoconhecimento e florescimento do Ser me mostrou que em cada um de nós existem camadas e assim como a cebola, a cada camada que a gente tira, a gente vai descobrindo um pouco mais e se quisermos podemos chegar às profundezas de nós. Já aviso, que quando a gente começa a descascar essas camadas, o processo não é tão bonito assim, pois a gente fica de cara com o melhor e o pior de nós, a gente fica de cara com as nossas sombras e as nossas luzes. A gente nunca é mais o mesmo e que bom. Sinto que o processo de transformação e transmutação aproxima quem está na mesma vibração que você e afasta aqueles que não estão mais na mesma sintonia. A gente vai afinando o instrumento de nosso espírito, de nossa alma. É libertador e ao mesmo tempo pode ser assustador, pois nos revela quem nós somos na essência, no entanto, sigo cada vez mais descascando o meu Ser e mergulhando profundamente nesse caminho, pois somente assim, faz sentido para mim, viver e seguir de alguma forma. Podendo me inspirar a ser melhor e quem sabe, poder inspirar outras pessoas.

Você acha possível conciliar uma carreira na área comercial, com outra mais voltada às terapias holísticas e afins?

Acredito que é possível sim. Após o nascimento da minha segunda filha, fiquei um tempo em stand-by para me recuperar de uma gestação de risco. E recentemente, voltei a trabalhar na área comercial em Home Office. As práticas voltadas ao desenvolvimento humano ainda não retornei, pois, a bebê demanda bastante e com a pandemia, ainda não foi possível retornar, mas em breve, aos poucos, pretendo voltar às atividades, mas oferecendo práticas online.

Hoje você é casada com um artista plástico, músico e designer. Fale um pouquinho sobre o Beto Boaretto para o público? E o que mudou em sua trajetória com essa união?

Eu me casei novamente e temos uma filha desta união. O Beto é publicitário e também atua como músico, artista plástico e designer. O interessante da minha vida, é que não planejei a trajetória. No passado, já fiz alguns planos e imaginava como seria a minha vida com essa idade, mas o universo tem a sua magia. E muitas coisas mudaram. Aprendi a aceitar o que é. Sei que é importante seguir na direção de nossos sonhos, no entanto, sei também que não temos o controle de nada, então aprendi a fortalecer a minha fé e a confiar cada vez mais na providência divina e no tempo das coisas. Vou plantando as sementes, regando, nutrindo e sei que aquilo que planto colherei no tempo certo. Maktub.

O que você espera para o futuro? Como se vê daqui há alguns anos com relação à família, trabalho, vida?

Estamos vivendo uma transição planetária rumo a um mundo de regeneração e temos visto que a pandemia veio para transformar tudo aquilo que conhecíamos. Temos visto grandes empresas quebrarem, novos negócios surgirem, a humanidade tomando outros rumos, alguns acordaram e outros permanecem dormindo, anestesiados e acreditando que o mundo voltará ao normal (o problema era o normal).

Tenho aprendido a viver um dia de cada vez. É claro que vislumbro um futuro, no entanto, não crio tantas expectativas, pois tudo pode mudar a qualquer segundo, por isso, o meu lema tem sido, viver um dia de cada vez, respirando, agradecendo, aceitando, soltando, perdoando e sendo uma pessoa melhor para mim e para o mundo.

Você pensa ou já pensou em morar no exterior? O que tem enxergado no Brasil em termos de estrutura no geral?

Já pensei em morar no exterior, no entanto, sinto que a minha jornada, pelo menos por alguns anos, ainda é por aqui. Temos visto o momento delicado que o Brasil e o mundo estão passando. No entanto, acredito que as coisas vão melhorar. Ainda passaremos por alguns momentos desafiadores, mas os ajustes são necessários para essa mudança que está acontecendo. Somente quem “tem olhos consegue ver e quem tem ouvidos consegue ouvir”.

Que mensagem poderia deixar às pessoas que sentem dificuldades em fazer transição de carreira, ou se sentem engessadas de alguma maneira, mas gostariam de mudar suas vidas?

É importante estarmos conectados ao nosso core (mente, espírito e coração), cultivando a atenção plena, permitindo observar o que está acontecendo dentro e fora de nós e ouvir a voz interior, a essência de nosso Ser. Sugiro que faça algo que faça sentido para você. Algo que tenha um propósito, que você saiba qual é a intenção real. Não faça algo apenas pela grana, poder, status. Faça algo que você acredita que está em consonância com a essência de quem tu és, pois somente assim, a encarnação neste planeta terá valido a pena.

Contatos: http://www.merikolduarte.com.br

extraído: ENTREVISTA COM MERIKOL DUARTE | Revista Statto

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